Reunião na Comunidade do Ferrete. |
De acordo com relatos de moradores da Comunidade
Quilombola Ferrete a 32 km de Curaçá, desde 2008 o
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem articulando mobilizações e
atividades de luta e organização para com os habitantes do lugar. Agricultores,
pecuaristas e pescadores que vivem dos frutos da terra e do Rio São Francisco,
gente humilde e forte que integra muitas manifestações e discussões defendendo
sua terra, sua história e seu rio, principalmente, das possíveis ameaças de
construções de Barragens na região.
A primeira grande mobilização ocorreu no Ferrete foi em
2008, quando militantes do MAB em formação política resolveram juntar a
juventude Curaçaense tanto da sede quanto de outras comunidades circunvizinhas,
inclusive de Stª Maria da Boa Vista e Orocó para trazer aos jovens a temática
sobre os malefícios oriundos das construções de hidrelétricas e discutir também
um novo projeto energético popular, tão urgente para um Brasil mais justo e
sustentável.
Graças a essas mobilizações e formações políticas aos
Quilombolas a semente da luta pela garantia de direitos, mais dignidade e justiça
para com os Brasileiros, germinou. Muitos representantes da comunidade
começaram a participar de várias marchas e acampamentos no país, por exemplo,
em Março de 2012 esses moradores do Ferrete também participaram de um
acampamento na Superintendência Regional da Chesf em Recife. E não parou por
ai, escolas de formação e encontros de movimentos sociais em Brasília e por
todo o Brasil vem recebendo estes militantes: "
A comunidade do Ferrete é uma referencia e centraliza um potencial de
organização na região muito importante na luta de classe aqui do Vale do São
Francisco, estou falando de militantes que abraçaram as causas dos
trabalhadores, um público com um perfil de liderança e muito
participativo", disse
João Aparecido, Militante e Coordenação do MAB/Vale do São Francisco. "Alguma vezes, grande parte do
contingente de militantes em manifestações na região são militantes aqui do
Ferrete", acrescentou.
Escola de
Formação de Militantes.
Com a intenção de intensificar a luta e mobilização na
região do Vale do São Francisco, a Coordenação do MAB do território com sede em
Juazeiro, realizou em Novembro de 2010 a primeira etapa da Escola de Militante
Antônio Conselheiro em Juazeiro – Ba reunindo jovens e adultos envolvidos com a
luta de classe em suas comunidades para uma formação política, através da
educação popular. Toda a região São Franciscana teve seus representantes envolvidos na
formação, inclusive, a comunidade quilombola do Ferrete. As etapas de formação
acontecem em 4 etapas. E em Junho de 2011 aconteceu a segunda etapa e em Julho
de 2012 a terceira. Também, aconteceu na Univasf em Juazeiro – Ba, o Curso de
Realidade Brasileira que durou um ano e teve também integrantes da comunidade
nesta outra formação.
Movimento “O
Vale Acordou”.
Generalizou.
A insatisfação foi o sentimento mais gritante no coração dos brasileiros,
graças a isso, o sonho tão idealizado por muitos militantes e grandes mártires
revolucionários aconteceu: O Brasil foi às ruas.
A lista
de reivindicações são várias, melhoria da educação e da saúde, uma nova
politica de transporte que valorize a mobilidade de estudantes, melhore a
condição estrutural dos transportes e das estradas, e, principalmente, repúdio
total à corrupção.
E
assim, aqui na região surgiu o movimento “O Vale Acordou”, que defende a
redução do preço da passagem, o acesso das pessoas a Ilha do Fogo e várias
outras reivindicações. E mais uma vez, nas marchas e atividades que aconteceram
na cidade de Juazeiro e Petrolina lá estavam
presentes moradores da Comunidade Ferrete também protestando em favor de
um País melhor: “ Eu estava lá, junto com
vários outros militantes da região e de outros movimentos sentindo um energia
de libertação, e ouvindo em bom tom o grito de um povo querendo mais dignidade
e garantia de direitos”, disse Carol Teles, Quilombola.
Encontro
Nacional do MAB em São Paulo neste ano.
Já há alguns meses que a coordenação e militantes do
movimento nas comunidades vêm se organizando para participar do Encontro
Nacional do MAB que se realizará em São Paulo. No Ferrete, muitos moradores
estão ansiosos por mais um encontro. Mesmo a viagem sendo longa, e
possivelmente, São Paulo esteja com um clima bem mais frio do que o da nossa
região - os agasalhos já estão preparados para enfrentar a temperatura paulista:
“Nem o frio, nem a distância impedirá que
nós aqui do Ferrete,
vamos em massa para esse encontro nacional aguardado há
meses, afinal, e a chance de encontrar e dividir experiências com vários outros
militantes do país que encontramos em diversas atividades durante alguns anos”,
disse bastante empolgado Antônio Mauro, habitante do Ferrete e Integrante
da Coordenação Regional do MAB.
Antônio Mauro à direita e outros militantes. |
O ENCONTRO NACIONAL DO MAB ACONTECERÁ DIA 2 A 5 DE SETEMBRO.
Adriel Duarte, Curaçá - BA.