Nota pública
Em meio a uma série de manifestações legítimas realizadas
pela população brasileira por transformações sociais, o Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação (FNDC) continua atuando e contribuindo com a luta
pela democratização dos meios de comunicação, pauta expressa continuamente pela
população nas ruas. Em todos os estados do país, acontecem manifestações e
assembleias populares que expressam o descontentamento do povo com a mídia
hegemônica brasileira.
A situação de monopólio das comunicações no Brasil afeta
diretamente a democracia nacional, e possibilita que grupos empresariais de
comunicação manipulem a opinião pública de acordo com seus próprios interesses.
Isto ficou mais do que claro nas últimas semanas: a grande mídia criminalizou
os protestos durante as primeiras manifestações e depois partiu para a
tentativa de ressignificação dos movimentos, com o objetivo de pautar as vozes
das ruas.
Apesar desses fatos, o Ministério das Comunicações insiste
em não propor ou apoiar a regulamentação dos meios de comunicação no Brasil. E
mais: tem se apresentado como guardião dos interesses dos próprios donos da
mídia. A fala do atual ministro, Paulo Bernardo, em entrevista à revista Veja
desta semana, é uma afronta aos lutadores históricos pela democratização da
comunicação e à população brasileira como um todo.
O ministro valida, na entrevista, a teoria conspiratória de
que “a militância pretende controlar a mídia” e, novamente – não é a primeira
vez que se vale desse artifício –, tenta confundir o debate da democratização
das comunicações ao tratar a proposta popular como uma censura à mídia
impressa.
Ora, é de conhecimento público que o projeto de Lei da Mídia
Democrática, um projeto de iniciativa popular realizado pelos movimentos
sociais para democratizar as comunicações no Brasil, não propõe a regulação da
mídia impressa, muito menos a censura. É uma proposta de regulamentação para o
setor das rádios e televisões no país para a efetiva execução dos artigos 5,
220, 221, 222 e 223, que proíbem, inclusive, os oligopólios e monopólios no
setor. No Brasil, 70% da mídia no Brasil são controlados por poucas famílias,
que dominam os meios de comunicação, que são concessões públicas. Dessa
maneira, estabelecer normas não é censurar, mas garantir o direito à liberdade
de expressão de todos os brasileiros e não apenas de uma pequena oligarquia.
Ao se posicionar contrariamente ao que definiram a nossa
Carta Magna e as deliberações das 1ª Conferência Nacional de Comunicação, Paulo
Bernardo despreza as vozes que ecoaram em todas as ruas nas últimas semanas e
de todo conjunto da sociedade civil de nosso país, que há meses definiu a
democratização das comunicações como uma de suas bandeiras principais de luta.
Diante desses acontecimentos, o FNDC vem a público repudiar
o posicionamento do ministro e informar que, nesta semana, protocolou mais uma
vez um pedido de audiência com a presidenta Dilma Roussef (o primeiro foi
enviado em setembro do ano passado),que abriu sua agenda para receber os
movimentos sociais brasileiros, para apresentar a campanha “Para Expressar a
Liberdade”, o projeto de Lei da Mídia Democrática.
Fonte: http://www.fndc.org.br
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