terça-feira, 10 de setembro de 2013

                    Inversão de Valores

       Em 07 de setembro de 2013, estive no distrito de Patamuté (minha terra natal) para mais uma festa em homenagem aos vaqueiros. Participo da mesma por ser uma cultura que me emociona, mas dessa vez fiquei inquieta com alguns pontos e a partir deles foi possível fazer uma breve análise daquele lugar. Infelizmente, não consegui reviver as mesmas emoções, isso porque naquele distrito não se houve mais aboios, toadas e músicas de vaqueiros, mas sim batidas de um ritmo que nos inquieta por não trazer em suas letras algo que nos faça ter o prazer de ouvir. Lembro-me que quando chegava a data da tradicional festa, os homens se preparavam para vestirem as mantimentas de couros que faziam deles verdadeiros heróis. E eram momentos como esses que aqueles homens celebravam as conquistas da sua lida difícil no semiárido.
Vaqueiro: Semeador de Esperança!
Hoje, o bonito não é a figura do vaqueiro que se veste com o gibão, perneiras, chapéu de couro e montar um lindo cavalo, mas sim aquele que tem em seu poder um carro, um som maior do que o veiculo e como se não bastasse, tocar musicas que estão na moda, e que não dizem na verdade, coisa alguma. O pior de tudo isso é que a própria comunidade também compartilha com a ideia de que o novo é o que atrai, mas a reflexão que se deve fazer é o que isso tem proporcionado de desenvolvimento para o seu lugar e o que as nossas manifestações tem perdido com isso. O que é mais importante cultivar uma cultura que está enraizada no distrito ou se deixar envolver por sensações vazias de prazer que só nos alienam? Enfim, precisamos de fato manter a nossa tradição, pois é ela que garante que a nossa historia continue e mantenha viva os valores construídos por nossas famílias durante anos. Contudo, devo registrar aqui, que apesar de tentarem apagar o seu brilho ainda existem bravos e combatentes vaqueiros que celebram esse dia como uma dádiva, pois ser vaqueiro não é se exibir, mas sim celebrar o prazer de Viver bem nesse sertão. Como tão bem disse Euclides da Cunha “O sertão é um vale fértil” e o seu semeador um Herói. VIVA O VAQUEIRO!!


Delaides Rodrigues 

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