Inversão
de Valores
Em 07 de setembro de 2013, estive no distrito
de Patamuté (minha terra natal) para mais uma festa em homenagem aos vaqueiros.
Participo da mesma por ser uma cultura que me emociona, mas dessa vez fiquei
inquieta com alguns pontos e a partir deles foi possível fazer uma breve análise
daquele lugar. Infelizmente, não consegui reviver as mesmas emoções, isso porque naquele distrito não se houve mais aboios, toadas e músicas de vaqueiros, mas
sim batidas de um ritmo que nos inquieta por não trazer em suas letras algo que
nos faça ter o prazer de ouvir. Lembro-me que quando chegava a data da
tradicional festa, os homens se preparavam para vestirem as mantimentas de
couros que faziam deles verdadeiros heróis. E eram momentos como esses que aqueles
homens celebravam as conquistas da sua lida difícil no semiárido.
Vaqueiro: Semeador de Esperança! |
Hoje, o bonito não é a figura do vaqueiro que
se veste com o gibão, perneiras, chapéu de couro e montar um lindo cavalo, mas
sim aquele que tem em seu poder um carro, um som maior do que o veiculo e como
se não bastasse, tocar musicas que estão na moda, e que não dizem na verdade, coisa alguma. O pior de tudo isso é que a própria comunidade também compartilha com a
ideia de que o novo é o que atrai, mas a reflexão que se deve fazer é o que
isso tem proporcionado de desenvolvimento para o seu lugar e o que as nossas
manifestações tem perdido com isso. O que é mais importante cultivar uma
cultura que está enraizada no distrito ou se deixar envolver por sensações
vazias de prazer que só nos alienam? Enfim, precisamos de fato manter a nossa
tradição, pois é ela que garante que a nossa historia continue e mantenha viva
os valores construídos por nossas famílias durante anos. Contudo, devo registrar
aqui, que apesar de tentarem apagar o seu brilho ainda existem bravos e
combatentes vaqueiros que celebram esse dia como uma dádiva, pois ser vaqueiro
não é se exibir, mas sim celebrar o prazer de Viver bem nesse sertão. Como tão
bem disse Euclides da Cunha “O sertão é um vale fértil” e o seu semeador um
Herói. VIVA O VAQUEIRO!!
Delaides
Rodrigues
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