Infelizmente,
é comum ouvirmos boatos de que a Orla da cidade é um dos poucos lugares de
lazer oferecidos a nós curaçaenses. Fundada em 31 de Dezembro de 2004, (segundo
sua placa, o que de fato não aconteceu nessa data, pois as obras foram
terminadas meses depois), esse espaço é o ponto ideal para que muitos
curaçaenses e turistas possam desfrutar do magnífico pôr-do-sol da Cidade, que
mesmo sendo um espetáculo diário, sempre arranca elogios de toda sua plateia e
admiradores. Sempre servindo de inspiração para poetas, repentistas e
escritores.
Orla: fonte Google. |
Um
dos problemas que vem chamando a atenção da população, diz respeito com a ação
criminosa de vândalos que danificam a vegetação local e os bancos, como também utilizam
de canetinhas coloridas, corretivos e tintas de cores diversas para gravar seus
nomes, e até mencionar declarações amorosas nas pilastras em todo esse patrimônio público. Nesse último
caso, têm se uma noção de que estudantes que passam por ali tanto indo ou vindo
da escola são os responsáveis por isso. Seria ali um lugar sagrado para se concretizar
votos de amor?
Ultimamente, a presença dos policiais militares na Orla se
faz constantemente. Revistando os
visitantes, na maioria jovens - como suspeitos de uso de entorpecentes. Talvez,
por parte disso, que muitos moradores da cidade vêm propagandeando a ideia de
que a Orla, hoje, foi tomada por Usuários de Drogas e marginais que passam
grande parte do dia por ali. Em meio a esses conceitos, observa-se que a
realidade é bem diferente, e que a população não pode ignorar esse lugar tão
incrível que estampa uma linda imagem do Velho Chico e é o trajeto de trabalho
e passeio para pescadores, lavadeiras, funcionários públicos, donas de casa,
religiosos, gente que mora nas cidades vizinhas do outro lado do rio, crianças
com seus pais que dão seus primeiros passos. E é por ali também que a Marujada
adentra à cidade, saudando os curaçaenses com suas cores, suas músicas e muita alegria.
Já há algum tempo que se têm notícias sobre uma possível
reforma e aumento na extensão do percurso da Orla, o que é bastante plausível,
visto que poderia possibilitar atividades culturais e religiosas que sempre vem
acontecendo, por exemplo, no Teatro Raul Coelho, que ao meu ver, não é um
espaço derivado para alguns tipos de cerimônias. Em contrapartida, a Orla já
foi palco de alguns eventos artísticos e culturais, como Chás da cinco,
recitais de poesias, encontro de membros de igrejas evangélicas, reuniões de
estudantes, e O Revival que já há alguns anos é uma alternativa de se comemorar
a chegada do ano novo em Curaçá, um evento embalado por artistas da terra
quanto visitantes que trazem no repertório músicas de qualidade, presenteando o
público com ritmos de Rock, Pop Rock e MPB, estilos musicais que não são comuns
em maiorias dos espaços na comunidade.
Quase sempre quando vou a
orla assistir o pôr-do-sol venho observando a variedade de pássaros que também
ocupam seu lugar em meio as árvores, plantas e entre as estruturas da orla,
estou falando de Sábias, Rolinhas, Pardais, Bem-te-vis, lavadeiras, sangues de
boi, Azulões, Canários do reino e
beija-flores. Vejo pescadores trazendo em seus barcos: Dourados,
Piaus, Cabojes, Piranhas, Pacús, Acaris e Traíras.
No dia 2 de fevereiro, dia da Rainha das águas (Iemanjá) os
filhos de santos e simpatizantes da Religião descem para o Rio durante todo o
dia, trazendo consigo muitas flores, (algumas delas colhidas na vegetação da
região da praça da igreja católica) e outras regalias para oferecer a Iemanjá.
A noitinha quando mais um espetáculo é oferecido pelo sol que se põe, a Orla se
enche de tambores, cantigas e orações, para se comemorar e saudar um Orixá
bastante respeitado por seus seguidores.
Entre tantas outras coisas que se pode observar passeando
pelo percurso da Orla Fluvial de Curaçá, estes são alguns pontos, é claro, que
você esta convidado a fazer seus próprios apontamentos, basta apenas que se
faça uma visita a esse espaço, uma
arquibancada privilegiada para o Velho Chico, que tem o seu passo lento e que
enche nossos olhos de alegria, nostalgia e leveza...
Adriel
Duarte – Membro do Fórum, Curaçá – BA.
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