Reforma política com financiamento público de campanha. Mais
recursos para educação. Democratização da comunicação. Desmilitarização da
polícia. E fim dos autos de resistência. Foram essas as reivindicações
apresentadas pelos jovens brasileiros, ao discursarem na solenidade de sanção
do Estatuto da Juventude, na tarde desta segunda-feira (5), no Palácio do
Planalto. Mas eles não deixaram de comemorar o fim da luta de quase 10 anos com
a sanção da nova carta de direitos da juventude.
A
presidenta Dilma Rousseff disse que não abandonou seus compromissos
democráticas quando assumiu a Presidência da República e, ao finalizar sua fala
em que se comprometeu com mais conquistas para a juventude e o combate à
violência contra a juventude negra e pobre, disse “Eu conto com vocês, vocês
podem contar comigo”.
Apresentações culturais de jovens negros marcaram a solenidade, que contou
ainda com a entrega de uma carta assinada por mais de 80 organizações
denunciando a violência policial contra os jovens negros nas periferias das
cidades brasileiras.
A
presidenta Dilma disse que considera o fato o mais grave no Brasil de hoje e se
comprometeu a eleger o assunto como o principal assunto a ser debatido nos
diversos órgãos e conselhos que estão sendo criados para implementar o Estatuto
da Juventude. A fala foi seguida de muitos aplausos e gritos de
“Olé,olê,olá/Dilma, Dilma!”.
Os muitos discursos, que foi iniciado pela presidenta da União Nacional dos
Estudantes (UNE), Virgínia Barros, e encerrado pela Presidenta Dilma, se
alternaram entre comemorações pela conquista do novo estatuto e os desafios
para ampliar ainda mais os direitos dos jovens, que representam atualmente
cerca de 52 milhões de pessoas.
Sem
acomodação
"Ao sancionar o Estatuto da Juventude, demos mais um passo para construir
uma história baseada em direitos", disse a Presidenta Dilma, reafirmando o
compromisso de garantir que os recursos do pré-sal sejam destinados à educação.
E disse ainda que “quando a gente reconhece conquistas não significa que
devemos nos acomodar. É importante sempre querer mais."
Antes, ela ouviu vários discursos em que os jovens demonstravam a alegria da
conquista, mas principalmente o empenho em continuar lutando por mais direitos.
A presidenta da UNE disse que “estamos vivendo um dia histórico da juventude
brasileira, que contribui para o aprofundamento da democracia porque integra a
juventude na construção desse país que queremos”, ao mesmo tempo em que cobrou
mais investimentos para a educação pública, novas fontes de financiamento como
os recursos do pré-sal, “para que possamos sanar dívidas profundas que ainda
restam na educação”.
Ela disse que no momento em que a crise do capitalismo tem prejudicado
principalmente a juventude no mundo afora, o Brasil amplia os direitos dos
jovens, mas que a celebração é também um desafio para avançar na luta, “para
aprofundamento de direitos importantes para jovens”, enfatizou.
“Para aprofundar a participação política há necessidade de aprovar reforma
política que amplie espaços para jovens, mulheres, negros, homossexuais, com
financiamento público de campanha”, disse, cobrando ainda a democratização dos
meios de comunicação.
A deputada Manuela D´Ávila (PCdoB-RS) e o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP),
sentados juntos na primeira fila da plateia, foram citados, repetidas vezes,
como importantes personagens para a garantia da aprovação do estatuto. Os
agradecimentos, que pontuaram todas as falas, foram estendidos à Presidenta
Dilma, ao ex-presidente Lula, ao Congresso nacional e aos movimentos de
juventude.
Novas
páginas na história
O ator Érico Brás entregou a carta assinada por mais de 80 entidades que
representam a juventude negra das periferias. E, em breves palavras, disse que
o estatuto vai garantir espaço para que a juventude possa escrever novas
páginas na história do Brasil.
Genival Oliveira, o rapper GOG, leu uma parte da carta, onde denuncia a
violência pelas forças armadas e policiais contra a juventude negra na
periferia. “Em nome da vida da nossa juventude que reivindicamos a
desmilitarização da polícia e o fim dos autos de resistência”, disse, cobrando
que ao invés de investimentos em armas, o governo garanta financiamento em
educação.
O presidente do Conselho Nacional da juventude (Conjuve), Alessandro Melchior,
disse que a sociedade brasileira avançou muito, mas continua desigual. E,
usando a figura do “Velho do Restelo”, denunciou as perseguições ao Estatuto da
Juventude assim como até hoje sofre o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA). Melchior citou como exemplos as propostas de redução da maioria penal e
a internação compulsória de dependentes de drogas.
Severine Carmem Macedo, secretária Nacional da Juventude, disse que estava
muito emocionada lembrando o início da luta pela aprovação do estatuto,
destacando que ao contrário do que dizem, a juventude não é apática e nunca
esteve adormecida e que, em quase 10 anos de tramitação, milhões de jovens
participaram das conferências nacionais e luta pela aprovação do texto.
“Consultar o povo nunca é demais”
A presidenta Dilma Rousseff também defendeu a reforma política. “Fazer mais no
nosso país passa necessariamente por construir e aperfeiçoar o sistema político
pautado por valores públicos, éticos e de transparência”, disse, ao defender
mais uma vez o plebiscito sobre o assunto proposto por ela para.
Ela disse que propôs um plebiscito porque “consultar o povo nunca é demais, é
democrático e necessário para tornar nossas instituições mais permeáveis, mais
abertas ao controle”, explicou.
E lembrou que “o Brasil precisa que olhemos o trabalho cotidiano como trabalho
que tem que ser feito com melhores práticas de gerência e combate ao mal feito
e a corrupção”, dizendo ainda que o compromisso de assegurar que este país seja
governado de forma ética deve ser da União, estados e municípios e de todos os
poderes.
Por Márcia Xavier
Fonte: http://www.vermelho.org.br
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